Neste post, vou a expor os critérios que, da nossa perspetiva, definem um Plano ou Estratégia de Nutrição Inteligente (Smart Nutrition).
Primeiro de tudo, para dizer que, com essa denominação, pretende se apenas descrever uma realidade. É simplesmente o resultado de aplicar os avanços que a Ciência tem demonstrado como válidos na área de nutrição e que, junto à facilidade de acesso a informações e divulgação que o mundo digital oferece hoje, podemos incorporar conceitos que, até há pouco, não sabíamos: Índice Glicêmico de Alimentos, Resistência à Insulina, Densidade Calórica …
Portanto, parece óbvio que, se somos inteligentes com a escolha do nosso modelo nutricional, incorporando os novos conceitos que aporta a ciência, estamos nutrindo-nos de forma inteligente e por tanto, aumentando os nossos níveis de saúde que é o que todos queremos.
Dito isto, é importante destacar que é uma estratégia nutricional , quer para a população com normopeso que visa manter seu peso corporal e níveis ótimos de saúde (obviamente, nesses casos com um valor energético normocalórico), quer para situações de Pré -Obesidade e Obesidade e que, portanto, incluirão critérios diferenciados, hipocalóricos e adaptados para cada paciente.
Assim, o Primeiro critério é que deve ser Saudável, e esta condição, obviamente, é válida para todos os tipos de pessoas, tanto de peso normal como com Pré-Obesidade ou Obesas.
Mas para ser Saudável deve cumprir:
1. Ausência de ultra-processados. São assim chamados todos aqueles “alimentos” que foram previamente processados, manipulados em processos industriais,vazios em nutrientes ( no processamento, perdem os nutrientes e mantém as calorias) com um consumo excessivo que garante grandes benefícios para a indústria de alimentos, sem terem presente os critérios de saúde.
Estes processados contêm excesso de carboidratos e gorduras saturadas, além de excesso de sal que proporcionam uma maior palatabilidade (mais gostosos), são hipercalóricos, saciam muito pouco e causam dependência ( bolos, sopas, biscoitos recheados, fiambres, manteigas, pão branco, lasanha, pizza, hambúrguer, enchidos, refrigerantes….habitualmente já vem pronto dentro de uma embalagem e são fácil de comer).
Eles são os maiores responsáveis pelos distúrbios nutricionais das nossas populações “evoluídas”.
Os ultra-processados tem que ser os primeiros “alimentos” eliminados numa Estratégia Nutricional Inteligente.
2. Uso de produtos sazonais, de mercado, com matérias-primas que sempre garantem uma contribuição real de nutrientes que nos são necessários, sem aditivos. Estes devem ser sempre os componentes das nossas elaborações culinárias.
3. Preparados por nós próprios, ou pelo menos planeados de uma forma que possa compatibilizar o seu consumo saudável com um ambiente social hoje muito stressado e com uns horários pouco colaborantes com a aquisição de hábitos saudáveis (por exemplo levar a sua comida num tupper).
A falta de atividade física, o tempo excessivo gasto no uso de dispositivos digitais, com a consequente perda de sono, e o consumo exagerado desses alimentos ultra-processados são as condições necessárias para a criação do chamado Ambiente Obesogénico (Veja Aqui o que significa ) responsável, dia após dia, pelo aumento galopante do número de pacientes obesos. Um ambiente viciado, insalubre, que se torna o primeiro inimigo a destruir se quisermos iniciar uma modificação de hábitos negativos.
Seja autocrítico e tente identificar se esse ambiente obesogênico faz parte de sua vida diária e tente modificá-lo. É uma modificação essencial se pretende abordar com sucesso uma Estratégia Nutricional Inteligente para superar a sua Obesidade.
Segundo critério: Deve ser Hipocalórico
Sabemos que, para perder peso, devemos estar atentos ao nosso Balanço Energético.( Veja Aqui o que significa )
Portanto numa Estratégia Nutricional Inteligente nossas porções de alimentos devem ser preparadas em uma quantidade adequada que assegure uma ingestão hipocalórica e, assim, manter um Balanço Energético negativo, condição necessária para perder peso.
Terceiro critério: Deve ser Adaptado
Adaptado ao próprio paciente obeso e às diferentes fases da sua evolução clínica. Como já mencionamos noutras ocasiões, sabemos que a nossa ingestão calórica diária deve conter proporções adequadas de macronutrientes (Lípidos + Hidratos + Proteínas), bem como micronutrientes (sais minerais, iões, vitaminas …) que possam cobrir de forma equilibrada as nossas necessidades diárias de energia. .
Numa pessoa normopeso, esse equilíbrio é alcançado com proporções diárias de:
55% de carbohidratos + 15% de proteínas + 30% de lípidos
Mas num paciente obeso a nossa Estratégia Nutricional deve ser orientada para levar o nosso organismo a consumir as reservas acumuladas em excesso no tecido adiposo.
Portanto, considero que a contribuição dos macro-nutrientes energéticos (hidratos e lípidos) deve de ser menor do que em condições de peso normal, a fim de atingir o objetivo de usar as reservas acumuladas e, dessa forma, atingir também as nossas metas de peso.
Nesse sentido, consideramos adequado, no início do Plano Nutricional para a perda de peso, uma proporção diária de macro-nutrientes:
20% de carbohidratos + 60% de proteínas + 20% de lípidos
Essas proporções serão ajustadas de acordo com a evolução clínica de cada paciente.
Por outro lado, sabemos que cada paciente possui características individuais que condicionam a sua evolução (estresse, ansiedade, comportamento alimentar alterado, variabilidade na resposta endócrina …) que determinará as escolhas alimentares que reduzem ou eliminam estas condições: sensibilidade insulínica, alimentos saciantes …
Recapitulando:
Estratégia = Conjunto dos meios e planos para atingir um fim
Nutrição Inteligente ( Smart Nutrition ) = Escolha mais eficaz para atingir um Peso Saudável a partir da compreensão dos conceitos nutricionais necessários e que serão expostos na segunda parte deste post.
Não esqueça, uma Estratégia Nutricional Inteligente para perder peso deve ser:
Saudável + Hipocalórica + Adaptada
Até ao próximo!