As dinâmicas entre a realização de exercício físico e o aumento ou diminuição do apetite são correntemente abordadas.
Esta é uma temática complexa dependente de múltiplos fatores e ainda em processo de investigação.
Para um melhor entendimento do assunto em questão é necessário compreender conceitos como:
Fome
Do ponto de vista da experiência humana a fome é uma necessidade primária caracterizada por uma sensação fisiológica que nos compele a uma busca por alimentos;
Apetite
Quando falamos em apetite apenas falamos de uma vontade de consumir alimento específico independentemente da sensação de fome que o indivíduo tenha.
No apetite interagem fatores de ordem hedónica relacionados com as memórias e as aprendizagens. Neste campo entram em ação os sistemas de recompensa do cérebro, que são nada mais, nada menos os circuitos cerebrais sobre os quais processamos as sensações de prazer e satisfação.
Segundo MacLean et. al. interagem ainda os fatores de ordem biológica que se manifestam por:
– Reservas energéticas de longo prazo no tecido adiposo;
– Disponibilidade de nutrientes pelo intestino (tracto digestivo);
– Requisitos metabólicos da massa magra;
– Sistemas sensoriais químicos subjacentes ao paladar e ao olfato (gostos e preferências alimentares).
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5407690/
Biologicamente o nosso corpo visa a eficiência energética e a manutenção da sua função vital. O organismo age de forma a preservar as reservas energéticas (reservas de gordura) e diminuir o gasto das mesmas, para tal efeito o mesmo induz a fome e o apetite.
Assim sendo:
Como criar um défice energético sem estimular o sistema compensatório do apetite?
Apesar de ainda não ser totalmente conclusiva a investigação aponta que o exercício é um instrumento favorável no controlo do apetite, porém a supressão do apetite depende da intensidade do próprio exercício.
Exercícios realizados em alta intensidade conseguem modular as concentrações de hormonas responsáveis pela necessidade de ingerir alimentos.
Este efeito deve-se particularmente ao aumento da resposta inflamatória e metabólica do organismo em esforço.
A investigação, contudo, avança que a prática de exercícios de alta intensidade suprime o apetite durante e num espaço de tempo logo após a realização do exercício físico.
Assim sendo tome cuidado! O efeito da supressão de apetite é limitado e pouco provável que influencie o consumo de calorias algumas horas após a prática de exercício.
Sintetizando:
– O exercício pode retardar o aparecimento do apetite/fome contudo não reduz por si só a ingestão de alimentos.
– Sempre que possível melhore a sua alimentação no período pré e pós-treino.