O que nos leva a comer? Pode parecer uma pergunta óbvia, mas…
Em posts anteriores, referimos que “Comer não consiste numa acção automática, ainda que, por vezes, nos possa parecer o contrário!”, isto porque, os processos automáticos que ocorrem no nosso corpo, tais como os batimentos do coração ou o processo de digestão, são involuntários, não decidimos sobre eles, contudo decidimos comer! Por este motivo, sugerimos que procurasse estar atento/a aos seus pensamentos… pois há sempre um pensamento que precede o acto de comer! Reconhecemos, no entanto que, esta tomada de consciência, nem sempre é fácil, certos pensamentos encontram-se de tal modo automatizados que, parece que…comemos sem pensar!
Pois bem… iremos continuar a ajudá-lo/a de forma a facilitar este processo e a compreender melhor o que se passa consigo… desta vez, seguimos viagem, procurando começar por responder à pergunta: O que nos leva a comer?
Vejamos…
Comer começa com um estímulo!
Os pensamentos “sabotadores” de que já falámos, surgem quando recebe um estímulo, uma situação que estimula o seu pensamento!
Que estímulos ou situações nos podem influenciar na hora de comer?
Neste âmbito, podemos considerar:
– Estímulos ambientais, como a visão e o cheiro dos alimentos.
– Estímulos biológicos, como a fome, a sede ou o desejo incontrolável de comer.
– Estímulos mentais: pensar sobre alimentos, ler uma receita culinária, lembrar de alguma comida de que gostou muito (ou de uma situação na qual não comeu e se sentiu em privação) ou imaginar-se a comer.
– Estímulos emocionais: Sentimentos desagradáveis, tais como a raiva, a tristeza, a ansiedade, a frustração ou o aborrecimento, que o/a incitam a comer de forma a obter reconforto ou para se distrair. Sentimentos agradáveis, por exemplo, pensar que, se comer ou continuar a comer, poderá prolongar por mais tempo sentimentos bons ou que estes irão desaparecer se restringir a alimentação.
– Estímulos sociais: incluem pessoas que o/a incentivam a comer ou situações nas quais gostaria de comer como os demais.
Exemplifiquemos uma cadeia de eventos…
Do estímulo ao acto de comer:
Encontra um estímulo: ↓ Alguém lhe oferece um pedaço de bolo.
Tem um pensamento (ou vários, por vezes contraditórios): ↓ Esse bolo parece ser muito apetitoso!
Segue-se sentimentos: ↓ Desejo, hesitação, tensão, ansiedade
Toma uma decisão: ↓ Acho que vou comer um pedaço!
Age (comportamento): ↓ Come o bolo.
Resultado: Diminuição da tensão, satisfação (ainda que temporária) versus sentimentos de culpa,…
Em certas ocasiões, a cadeia de eventos é mais directa, em outras um pouco mais complexa, dependendo do quanto argumenta consigo mesmo/a antes de tomar a decisão de comer. Não raro, o debate interno entre pensamentos sabotadores e pensamentos funcionais faz com que se sinta tenso/a, o que é desagradável e, por sua vez, conduz muitas vezes, a que tente aliviar a tensão… comendo! Não obstante, o que geralmente acontece é que o alívio da tensão é temporário…dado que, ao comer, com frequência seguem-se sentimentos de culpa, fracasso e mais tensão! Assim, do mesmo modo que a decisão de comer pode reduzir a tensão, a decisão de não comer também pode!
Tendo em conta o que expusémos até aqui…
permita-nos colocar-lhe directamente a questão:
O que o/a leva a comer?
Pense nisto e escreva!
Ao começar a aperceber-se e a identificar os estímulos/ situações que provocam os pensamentos “sabotadores” e que o/a levam a comer de maneira inadequada, poderá minimizar a sua exposição ou mudar a forma de lidar com os mesmos.
Até breve !