A Obesidade, uma das doenças mais prevalentes do nosso tempo, ao ponto de ser considerada como a Pandemia do Século XXI, está continuamente a ser objecto de estudos para encontrar soluções efetivas que reduzam o seu enorme impacto quer em termos de saúde com as suas desagradáveis complicações quer em termos económicos nos sistemas de saúde dos países afetados. Assim, vemos como os últimos estudos avançam no significado dessa doença e a definem como um processo inflamatório. Também estamos conscientes da importante relação entre a alteração da microbiota e o desenvolvimento da obesidade, chegando inclusivé a abrir surpreendentes linhas de investigação no seu tratamento, como por exemplo a partir de auto–implantação fecal (sim, leu corretamente). Em post sucessivos aprofundaremos estes novos conceitos.
Todos esses avanços demonstram o interesse da comunidade científica internacional de trazer luz a esta doença, da qual já sabemos, com evidência científica, que os altos índices de fracasso que observamos indicam que estamos diante de uma doença de difícil combate que sem a colaboração de diferentes profissionais (Abordagem Multidisciplinar) e, sobretudo, sem o envolvimento das próprias pessoas afetadas, não será possível avançar em soluções efetivas e definitivas. Não estamos a falar, por exemplo, de uma doença infecciosa em que aplicamos o antibiótico correto e os cuidados adequados por um tempo e o processo é resolvido satisfatoriamente. É uma doença muito mais complicada.
Nesse ponto, deve ficar claro para todos que, de acordo com os termos utilizados (pacientes, diagnósticos, terapêuticos …), estamos a falar de uma doença, de um problema de saúde. Bem, aí vem a questão essencial de abordar esta patologia (obesidade) e a sua já mencionada alta taxa de fracassos: A IMENSA MAIORIA DA POPULAÇÃO AFETADA NÃO TEM CONSCIÊNCIA DE SOFRER DE UMA DOENÇA! … e isso é um fato verificável no nosso trabalho de consulta diária. Sabemos que uma história clínica adequada começa com um interesse em diversas questões relevantes: é alérgico a algum medicamento ou substância? ….. sofre de alguma doença?, entre outros … Agora imagine uma situação: mulher de 45 anos, 155 cm de altura e 83 kg de peso que vem à consulta e que perante a questão de se ela sofre alguma doença, responde: – Não.
Essa resposta é o primeiro grande obstáculo à superação da doença. Sem dúvida.
Portanto, a partir da nossa perspectiva multidisciplinar da abordagem terapêutica da obesidade, consideramos de grande interesse a assimilação pelos pacientes de três critérios básicos, a fim de podermos garantir o sucesso.
Estes três critérios são as nossas 3A = Aceitar + Aprender + Agir
ACEITAR : Deve ser a primeira condição da parte de quem sofre desta doença.
– Não há tratamento sem doença !. Se uma pessoa obesa não é consciente que está doente, dificilmente poderá estar envolvida no seu processo terapêutico. E sem implicação não há solução!
APRENDER : o paciente obeso precisa de muita informação, que seja clara e em linguagem acessível que lhe permita entender as mensagens. Ao longo deste processo de aprendizagem também é muito importante que se sinta acompanhado, que perceba que não está sozinho nesta luta . A nossa obrigação ao nível de Equipa Multidisciplinar é fornecer-lhe conceitos, ideias, critérios que o ajudem a alcançar a modificação de hábitos negativos, bem como fornecer as técnicas e habilidades que lhe permitam confrontar a sua luta contra a obesidade.
Desde o nosso Blog Kilosfera trabalhamos para isso. Elaboramos posts com um objectivo prioritário: que os nossos pacientes e seguidores aprendam.
….A sua motivação é a nossa e a nossa informação é a sua!
AGIR: sabemos que a luta contra a obesidade é um processo muito desafiante, que pode ser “longo no tempo e estar sujeito a situações sabotadas “… por isso requer um acompanhamento contínuo. É de grande importância que o paciente sinta que não está sozinho durante todo o processo. A partir da nossa Plataforma Digital propomos uma interação positiva aproveitando as vantagens do mundo digital que facilita o acompanhamento multidisciplinar necessário para atingir os objectivos. Esse envolvimento multidisciplinar visa reforçar a motivação do paciente que, juntamente com o seu desempenho diário, garante que consiga superar a doença: Juntos Podemos!
Por tudo o que anteriormente foi exposto, consideramos de interesse a nossa denominação de obesidade como A Doença das 3A
Se você conseguir assimilar a seguinte frase, estará no caminho certo para que, no futuro, a sua obesidade seja uma doença do passado:
… “Sou obeso e aceito que estou doente. É por isso que quero aprender a agir “
A Saúde é Atitude!
Até ao próximo post!…